Editorial

Os livros sempre nos ajudam

Talvez nem todas as melhores palavras e frases contidas nas obras que, a partir de hoje, estarão disponíveis ao público no entorno da Fonte das Nereidas sejam capazes de expressar o quanto a Feira do Livro de Pelotas traz de significados. Em geral, eventos como estes costumam ganhar mais destaque quando alcançam aquilo que usualmente é chamado de "data redonda". Uma década, um cinquentenário… No entanto, esta 48ª edição parece trazer consigo uma aura diferente, um certo sentimento de esperança e recomeço.

Passados dois anos em que a pandemia colocou grande parte da sociedade frente a um enclausuramento, exigência para que a tragédia da Covid-19 não se abatesse de forma ainda mais intensa sobre outras tantas famílias, os livros voltam para a rua e convocam todos para estarem juntos deles. Voltam para o olhar arregalado das crianças que começam a descobrir o infinito universo das letras e imagens. Para o escrutínio criterioso de quem busca nos saldos e sebos aquela edição que falta na prateleira e há muito é garimpada. Para a curiosidade ansiosa dos que esperam pelos livreiros e suas bancas repletas de lançamentos e ofertas, praticamente obrigando os leitores a exercer o difícil equilíbrio que permita não esvaziar a carteira, mas encher as sacolas e estantes.

Para muita gente, na solidão do distanciamento social, coube principalmente aos livros a imprescindível missão de ser companhia em tempos sombrios. De manter a saúde mental em dia. Se sair de casa tinha seus riscos, foi nas páginas da literatura que se pôde viajar para todos os lugares possíveis, encontrar _ e abraçar _ personagens reais e imaginários. Não fossem os livros (e seus companheiros filmes, séries, jornais), portanto, o inferno da pandemia possivelmente se tornaria insuportável.

A imagem de hoje, de uma praça que passa a ficar cheia de pelotenses e visitantes em busca de entretenimento, estímulos e ideias diferentes é, no mínimo, motivo para brilhar os olhos e abrir sorrisos. E é preciso dizer: neste momento tão duro, de saída gradual de uma crise sanitária, de dificuldade econômica e política, de tantas brigas e muitos ataques às diferenças e ao conhecimento, poucas coisas podem ser tão simbólicas enquanto ferramentas de superação da ignorância e construção de um novo mundo quanto uma Feira do Livro. É nela que todas as ideias se encontram, convivem e abrem espaço ao diálogo.

Convenhamos, às vésperas de uma eleição, Pelotas poderia proporcionar algo mais inspirador para que possamos olhar para o futuro com alguma lucidez, mas sem perder a capacidade de sonhar? Viva a Feira.


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